Monday, May 15, 2006

Uma semana..

Longa semana esta que passou. Sete dias!!
Depois do regresso de Sanga fiquei mais animado. Não consigo concretizar o porquê de ter estado triste durante a minha estadia em Sanga. Mesmo rodeado por lindos montes e embriagado pelos sorrisos das crianças, foram três dias bastante difíceis. O isolamento deixou-me aterrado. Sufoquei mesmo quando o ar era puro e fresco.
A viagem para cá foi grande aventura também. Vou tentar viajar com cabras e galinhas ao meu lado quando apanhar o próximo pendular para Lisboa.
Como estava contente por estar de volta à "civilização" combinei com uns voluntários e uns quantos locais beber uns copos nessa noite. Ao conversar com búlgaras, eslvenas, britânicos, alemães e americanos apercebi-me mais uma vez de que existem bastantes diferenças entre os povos ocidentais. Apesar de todos os voluntários partilharem um conceito comum, a mente aberta, as ideias sociais impingidas pela sociedade em que vivemos estão presentes. É natural. Somos cultivados no nosso terreno, apenas! A naturalidade em aceitar coisas que para os mais conservadores se traduzem em "porquês" deixa-me abismado com o que conheço e o que está para conhecer. Fomos a um barzinho chamado Full Moon. Um conceito que em Braga até "botava remédio":) Almofadas por todos os lados. Calmo e com bom som. Agradável. Fui assaltado lá!! :) Gamaram-me o despertador (aka telemóvel). Eu, um gajo da Trofa e habituado a todo o de truques, fui "catado" nos quintos do crlh. Só a mim. Foi o truque mais velho do mundo. Perdi tempo a calçar-me e nunca mais o vi. :) Confesso que fiquei triste nessa noite. Já me tentaram assaltar umas 10 vezes em Portugal! Desta vez fui fraco.. (tive que gamar um logo a seguir!!! brincadeira..)
Na literal ressaca do dia seguinte descobri que não sabia onde tinha o bilhete de regresso. A somar com a noite anterior o dia prometia. Apesar de me tentar animar com a canalha na Happy Home o meu sentido de humor estava nulo.
Tive tempo para pensar. Reflectir. A estadia em Sanga foi agradável pelas diferenças sociais que pela primeira vez vivia mas foi também dura. Lembrei-me que numa das tardes dei por mim a olhar para o relógio e a contar os segundos. Não sabia (e ainda não sei) se seis semanas numa aldeia ainda mais remota me farão bem. Estava muito apreensivo! Demais para poder desfrutar de tudo o que ainda me estava a acontecer.
Nessa semana fui também a um hospital . Pelo menos o conceito inicial seria esse. Ao deparar-me com corpos empilhados em camas sem lençóis e outros tantos amarrados com correntes e (chamados "violent "), homens, mulheres e crianças misturadas e tratamentos apenas à base de medicação temporária (porque assim que os pacientes saem depois da estadia máxima de um mês deixam de receber cuidados médicos) percebi mais uma vez que a definição de país em desenvolvimento não é apenas um conjunto de palavras que se ouve no telejornal ou se lê em qualquer crónica mas sim algo que faz sofrer muita gente.
Perdi-me depois em Patan. Uma zona da capital com incontáveis templos hindus. Apesar de ter sido assediado por pseudo guias em troco de algumas foi grande momento porque estava a decorrer uma espécie de festival religioso em que quem apanhasse cocos enviados do cimo da uma grande árvore tipo "torre de Pisa" teria filhos recentemente. Extremamente perigoso
e altamente aconselhável!!!
Depois de umas 7 horas enfiado num autocarro a caminho de Chitwan tive de enfrentar uma data de gente que me jurava a pés juntos que "aquele resort" era o melhor da zona e que era muito barato. Depois lá encontrei o "meu gajo" que estava encostado no jeep como se nenhum autocarro tivesse chegado. Nepali way..
Nessa noite um Salgueirinho sóbrio dançou com os tradicionais Tharu frente a umas dezenas de turistas. Como perdi uns quatro quilos em semana e meia (apesar de comer bastante bem) as minhas bermudas teimavam em cair de cada vez que arriscava um golpe mais "artístico". Na viagem de regresso apanhei uns valentes sustos ao ver uns 6 camiões e autocarros caídos nas grandes colinas. Rezei.
Tinha visto uma data de flyers muito fixes. "Trance Party. Biggest Party Ever in Nepal!!"! Eu, como grande apreciador dessa arte musical em que o prazer extremo é apenas atingido, segundo dizem, utilizando substâncias menos legais (ou totalmente ilegais!) quis ver como era. Entrada gratuita! Como bom português que sou, se é de graça.. bota lá! "Sadomaso?? O que é isso?
de graça?? bamos!!" Era a véspera do aniversário de Buddha e eu queria mesmo ver o DJ Buddha em acção! Apesar do horário da festa - das 18h até às 23h da noite - pensei que ia ouvir grande som! Cheguei às 9 horas da noite. Pensei que fosse uma boa hora para chegar. O povo estaria a bombar e o ambiente caloroso como qual Boom Festival. Pois sim... Completamente vazio! O DJ Buddha estava bué triste porque ninguém apareceu. Eu mandei-o meditar e bazei.

No dia do aniversário do Buddha o ambiente na capital deixou-me espantado mais uma vez. Como tinha chovido de noite, o ar estava limpo e não havia o cheiro habitual do lixo. A movimentação de pessoas era inacreditável! Andar misturado com centenas de monges budistas orando em uníssono deixa qualquer um arrepiado.

Amanhã vou a outro orfanato.

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