Friday, October 20, 2006

Pearl Jam - 04/09/2006 - 1/2






Poderia ser agora bastante tarde para postar um comentário sobre o concerto do dia 4 de Setembro. Já passaram bastantes dias e o vulgar "muito aconteceu depois disso" aplica-se também aqui. Tivesse sido um concerto vulgar e estas palavras quase um mês depois não seriam escritas nunca. Mas não o foi.
A passagem dos Pearl Jam por Portugal sempre foi para mim uma questão de tempo. Era apenas uma contagem temporal decrescente que me separava de uns Pearl Jam resistentes ás mudanças sonoras. Dia quatro de Setembro a contagem acabou quando os primeiros acordes da Waisted Reprise se fizeram sentir. O resto é história. Poderia ser uma história mais uma vez vulgar daquelas que se esquecem com o tempo. Mas a noite foi marcada por uma cumplicidade que vai para além da música. Uma ergonomia entre o público e os homens em palco que, a cada música, modificavam o ponto alto da noite. Um Eddie Vedder renascido, com um "português papal", levou ao rubro um público que pedia para que o relógio não ditasse as regras. Duas horas e meia de uma banda que nunca poderá editar um Best Of pois, tal como no concerto do dia 4, é injusto deixar obras de arte fora da apupo global.
A noite foi dada a guitarras fortes e a uma bateria explosiva. Até ao primeiro contacto verbal com o público já algumas pérolas tinham sido tocadas e nem tempo havia para pensar "fogo.. tocou esta" já que logo a seguir viria outra, outra e mais outra. Foi um início sufocante só comparável ao saudável "tira o pé do chão" brasileiro. Life Wasted, Animal e Corduroy trataram de deixar um claro "Olá nós somos os Pearl Jam e somos como o vosso vinho do Porto". E é bem verdade. Qual Mick Jagger, o Sr. Eddie Vedder deixou claro que, apesar de relaxar a voz em alguns refrões, estava cá para as curvas e em momento algum falhou o seu papel provando também ser um admirador dos solos dos seus companheiros e de maduro tinto.
Nessa noite o coração só bateu para aquele concerto. Nada mais haveria para além da música e de um pavilhão apinhado de corpos de todas as idades, a provar que o Grunge pode ser órfão mas está vivo. Muito vivo.
E de músicas ouvidas até à exaustão, mas que ali tocadas, a poucos metros de distância, soavam a todos os momentos de uma vida, foi passando o serão até ao momento em que o pavilhão pára para ouvir um Eddie no meio do público a cantar as primeiras sílabas da Last Kiss seguido de três minutos de vida longe das lutas diárias. Pelo menos diziam os olhos dos que estavam ao meu lado. Para mim foi uma surpresa agradável. A música menos Pearl Jam ali, tão perfeita como a noite ao lado de uma Black com um "we belong together" que deixou o pavilhão a agradecer o ar que se respirava.
Mas desde o primeiro acorde que o tempo estava contado e já com as luzes do pavilhão acesas tocaram The Who e eu dei por mim, calminho, a gritar "teenage wasteland" no fosso com um tipo igual a mim. Sim, a vida também pode ser perfeita por pouco mais de duas horas.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Nunca é tarde para retratar um bom concerto!

Tuesday, 24 October, 2006  

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